Em nossa carreira é comum ouvirmos que precisamos ser "profissionais" ao lidar com críticas e evitar "levar para o lado pessoal". No entanto, como separar o pessoal do profissional quando nos dedicamos inteiramente, de "corpo e alma", a um projeto? Afinal, muitos de nós colocamos paixão, tempo e experiência técnica em nosso trabalho, tornando difícil não sentir o impacto de uma crítica, especialmente quando ela é vaga ou subjetiva.
Ao longo da minha trajetória, passei por anos de formação técnica e acadêmica como:
4 anos em um curso de 2° grau no SENAI Theobaldo De Nigris e Felício Lanzara para obter a certificação de Técnico em Artes Gráficas com especialização em Produção Visual Gráfica (que poucos designers possuem);
4 anos na Universidade Mackenzie para obter o diploma de Bacharel em Desenho Industrial com especialização em Planejamento Visual;
2 anos de pós-graduação em na Faculdade Belas Artes de São Paulo para formação em Gestão de Design;
Além dos diversos cursos e treinamentos complementares em áreas como fotografia, mídia, redes sociais, planejamento estratégico em marketing e afins.
Cada projeto que entrego carrega um pedaço dessa bagagem e dedicação. Por isso, ouvir um "não gostei" sem justificativa pode ser frustrante. E acredito que essa experiência é compartilhada por muitos profissionais.
Neste post, quero explorar como podemos usar a inteligência emocional para transformar a forma como recebemos críticas e, acima de tudo, proteger nossa autoestima. Vamos falar sobre dois cenários principais: críticas objetivas e críticas subjetivas.
Quando a crítica é objetiva
Críticas objetivas são aquelas baseadas em dados, métricas ou expectativas claras. Por exemplo, um cliente pode dizer que o layout de um projeto não seguiu a identidade visual previamente aprovada, ou que um material não atende aos requisitos técnicos. Nesse caso, a escuta ativa e a documentação são fundamentais. Pergunte-se:
O cliente comunicou claramente suas expectativas?
Há indicadores mensuráveis para avaliar o projeto?
Se houver falhas técnicas, encare-as como oportunidades de aprendizado e ajuste. A crítica objetiva, quando bem fundamentada, é uma ferramenta de crescimento.
Quando a crítica é subjetiva
O maior desafio surge quando a crítica é subjetiva, baseada em opiniões pessoais como "não gostei" ou "não era isso que eu esperava", sem mais explicações. Essa situação pode gerar frustração, especialmente quando você sabe que entregou um trabalho de qualidade. Nesses casos, é natural sentir a crítica de forma pessoal, mas é essencial ativar sua inteligência emocional.
Algumas formas de lidar com isso:
Pergunte com clareza: Tente transformar a crítica em algo mensurável, fazendo perguntas como:
"O que você considera um bom resultado?"
"Você tem algum modelo ou exemplo que podemos usar como referência?"
Reflita sobre o contexto: Nem toda crítica reflete seu trabalho. Às vezes, ela vem de expectativas desalinhadas ou até de um cliente insatisfeito com algo que não tem relação direta com você.
Proteja sua autoestima: Lembre-se de que sua formação, dedicação e esforço não são invalidados por uma crítica. Use essas situações para reafirmar sua confiança e aprender sobre o perfil do cliente.
Transformando críticas em insights
Mesmo críticas reativas ou desproporcionais podem ser fontes de aprendizado. Elas revelam informações valiosas sobre o cliente, como preferências, pontos de atrito ou até mesmo dificuldades de comunicação. Considere isso como uma oportunidade para ajustar processos e alinhar expectativas em projetos futuros.
Enfim...
Lidar com críticas no ambiente de trabalho não é fácil, especialmente quando colocamos nossa paixão e expertise em cada entrega. No entanto, antes de mandar tudo para casa do k-🧄, pratique a escuta analítica*, diferencie críticas objetivas de subjetivas e utilize a inteligência emocional para transformar esses momentos em aprendizado e crescimento, sem permitir que eles abalem nossa autoestima. Afinal, somos mais do que um único projeto ou uma única opinião.
A escuta analítica pode ser definida como uma prática de escuta atenta e profunda, que busca interpretar e compreender não apenas a mensagem explícita, mas também os elementos subjacentes, emocionais e contextuais da comunicação. |
Fontes de inspiração e referências:
Daniel Goleman. Inteligência Emocional.
Amy Edmondson. The Fearless Organization.
Brené Brown. A Coragem de Ser Imperfeito.
Artigos sobre inteligência emocional no ambiente de trabalho (Harvard Business Review).
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