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A Pirâmide de Maslow como Ferramenta de Controle

Atualizado: 22 de fev.

A Pirâmide de Maslow é frequentemente vista apenas como uma maneira de observar as necessidades humanas, mas essa visão pode ser enganadora. Em vez de ser apenas uma ferramenta de análise, ela pode também servir como uma forma de controle social. Ao sugerir que algumas pessoas estão "acima" de outras na busca por auto realização, a pirâmide pode alimentar a ideia de que o sucesso e a felicidade são privilégios para poucos. Isso ignora as barreiras que muitos enfrentam, como desigualdades sociais e dificuldades econômicas, que podem tornar quase impossível para algumas pessoas alcançar o que a pirâmide promete. Assim, em vez de uma mera representação da jornada humana, ela pode se tornar um símbolo de exclusão e uma forma de manter certos grupos no topo enquanto outros ficam para trás.



Pirâmide de Maslow. Na base, aspectos Fisiológicos (respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase, excreção,...), no segundo nível, aspectos da Segurança (do corpo, do emprego, dos recursos, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade,…), no terceiro nível, aspectos do Amor e Pertencimento (amizade, família, intimidade sexual,…), no quarto nível, aspectos da Estima (autoestima, confiança, realização, respeito pelos outros,…) e no topo da pirâmide, correspondente ao quinto nível, aspectos da Auto realização (moralidade, criatividade, espontaneidade, resolução de problemas, ausência de preconceito, aceitação dos fatos,…)
Pirâmide de Maslow.


A Pirâmide de Maslow e a Hierarquia


A famosa Pirâmide de Maslow apresenta uma estrutura que classifica as necessidades humanas em níveis, começando das necessidades mais básicas, como as fisiológicas, e subindo até a auto realização, que é o ponto mais alto. O que acontece aqui é que, embora Maslow tenha dito que a jornada entre esses níveis não precisa ser linear ou rígida, a forma de pirâmide implícita ainda sugere uma progressão ascendente. Vamos ser sinceros, isso dá a impressão de ser exclusivo para alguns. Por conta de barreiras sociais, econômicas e culturais, nem todo mundo consegue chegar no topo, e isso é um grande ponto de crítica. Porque não adaptar o conceito para "Escala de Maslow" ou "Círculo de Maslow"?



Imagem representando a Hierarquia de Necessidades de Maslow em formato de faixa colorida contínua, que vai do vermelho ao roxo, passando por laranja, amarelo, verde e azul. A hierarquia é dividida em cinco categorias: 1) Necessidades fisiológicas (respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase e excreção) em vermelho; 2) Segurança (do corpo, do emprego, dos recursos, da moralidade, da família, da saúde e da propriedade) em amarelo; 3) Amor e pertencimento (amizade, família e intimidade sexual) em verde; 4) Estima (autoestima, confiança, realização e respeito pelos outros) em azul; 5) Autorrealização (moralidade, criatividade, espontaneidade, resolução de problemas, ausência de preconceito e aceitação dos fatos) em roxo. As cores formam um degradê contínuo, sugerindo a transição entre os níveis.
Escala de Maslow.
Gráfico em formato de radar representando a Hierarquia de Necessidades de Maslow dentro de um círculo. O gráfico possui cinco eixos, cada um correspondente a uma das categorias da teoria: 'Fisiológico' (vermelho), 'Segurança' (amarelo), 'Amor e Pertencimento' (verde), 'Estima' (azul) e 'Autorrealização' (roxo). As áreas preenchidas no gráfico formam um polígono colorido com um gradiente contínuo, refletindo a transição entre os níveis. Os rótulos das categorias estão posicionados ao redor do círculo, seguindo a orientação dos eixos.
Círculo de Maslow.

Críticas à Estrutura Hierárquica


Implicações Elitistas e Classistas


Um dos aspectos mais complicados dessa hierarquia é a sua tendência a ser elitista. A ideia de que apenas aqueles com acesso a recursos básicos podem almejar as necessidades mais altas cria um ciclo vicioso. Isso sugere que pessoas em condições de pobreza ou que enfrentam insegurança não se importam com coisas como pertencimento ou auto realização. Mas cá entre nós, quem nunca ouviu o relato de alguém que fez de tudo para tirar força da necessidade de pertencimento, mesmo sem ter suas necessidades básicas totalmente atendidas? Essa visão é profundamente limitante.


Falta de Universalidade


Vamos falar de uma realidade que é quase universal: as necessidades humanas não seguem uma linha reta de prioridades. Tem muita gente em situações vulneráveis que busca amor, pertencimento ou até mesmo propósito antes de ter o estômago cheio. A ordem das necessidades pode variar bastante. Então, por que insistir em uma hierarquia que não serve para todo mundo?


Base Cultural e Contextual


A Pirâmide de Maslow foi criada a partir das observações de indivíduos que, em sua maioria, eram ocidentais e privilegiados. Isso limita a aplicação do modelo a outros contextos culturais diversas que possuem diferentes prioridades e valores. Vamos parar para pensar: será que a ideia de auto realização, tão valorizada no ocidente, é vista da mesma forma em uma sociedade que valoriza mais a coletividade?


Controle e Meritocracia


A forma de pirâmide pode ser vista como um jeito simbólico de controlar:


  • Exclusão Implícita: O formato da pirâmide sugere que só uma minoria vai alcançar o topo, ou seja, a auto realização. Isso cria uma narrativa de meritocracia que ignora fatores estruturais que dificultam a ascensão de muitos. Não adianta só ralar, às vezes, as condições atrapalham e isso precisa ser reconhecido.

  • Instrumentalização em Organizações: Dentro de empresas e instituições educacionais, a pirâmide muitas vezes é utilizada para justificar sistemas que chamam de meritocráticos. Essa "meritocracia" premia alguns e deixa uma boa parte da galera de fora, tudo sob a alegação de que é tudo sobre desempenho. Mas será que é só isso?


Maslow e a Observação


É importante entender que Maslow criou sua teoria futuramente pensando na motivação humana. No entanto, a aplicação dessa teoria muitas vezes não vai na direção que ele pretendia. Ao invés de simplesmente buscar entender as necessidades humanas, a pirâmide acaba sendo usada para categorizar pessoas ou justificar desigualdades, o que é uma pena. Que tal reavaliar o foco dessa teoria e voltar a essência de inclusão que ela deveria ter?


Conclusão


A Pirâmide de Maslow não é só uma ferramenta interessante para compreender motivações; também é um modelo cheio de implicações problemáticas. Sua representação hierárquica pode acabar alimentando dinâmicas de exclusão e meritocracia de maneiras sutis, mas prejudiciais. Lembremos que Maslow, durante sua vida, reconheceu as limitações de sua teoria e ajustou sua visão. A crítica à pirâmide é essencial para que possamos evitar uma aplicação sem julgamentos e, assim, incentivar abordagens mais inclusivas para acolher todas as nuances das necessidades humanas.


Referências:

  1. Meritocracia à brasileira: o que é desempenho no Brasil? - Este artigo discute a relação entre meritocracia, sistemas hierárquicos e exclusão social, fornecendo insights sobre como hierarquias podem reforçar desigualdades estruturais.

  2. A Critical Analysis of Maslow’s Hierarchy - Este estudo analisa criticamente a teoria de Maslow, destacando suas limitações, como a falta de evidências empíricas e a negligência de influências socioculturais que moldam as motivações humanas.

  3. Challenging Maslow’s Hierarchy of Needs: Exploring Perspectives of Latino Migrant Adolescents in U.S. Agriculture - Este artigo explora como a Pirâmide de Maslow falha em capturar as motivações de grupos culturalmente diversos, enfatizando as diferenças entre valores individualistas e coletivistas.

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