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A Ameaça Global dos EUA: O Novo Imperialismo de Trump e o Cerco às Liberdades

Atualizado: há 4 dias


Estátua da Liberdade em ruínas cercada por escombros e bandeiras americanas rasgadas, sob o olhar ameaçador de Donal Trump, um líder autoritário projetado no céu, simbolizando a decadência da democracia e o avanço do imperialismo.
A Estátua da Liberdade, outrora símbolo de acolhimento e esperança, surge aqui em meio a ruínas, ladeada por bandeiras despedaçadas e vigiada pelo olhar opressor de um poder autoritário (Donald Trump). A cena traduz a sensação de sufocamento da democracia diante da ascensão da extrema-direita e do novo imperialismo. Não é apenas uma alegoria da queda de instituições, mas um alerta: quando os olhos do poder se projetam sobre nós com desprezo e violência, resta à arte o papel de testemunhar, resistir e convocar à memória coletiva.

Introdução: Quando a Ameaça Deixa de Ser Distante


O mundo vive um ponto de inflexão. A ascensão da extrema-direita nos Estados Unidos sob Donald Trump não é apenas um episódio interno: é um fenômeno global que ameaça a democracia, fragiliza soberanias e coloca em xeque conquistas históricas de grupos vulneráveis. Quando o maior poder militar e econômico do planeta se guia por um projeto de exclusão, o perigo é palpável:


Não se trata apenas de política, mas da sobrevivência de milhões.

Como artista, designer e cidadão LGBTQIA+, sinto no corpo esse risco. O desprezo explícito às pessoas trans, a violência simbólica contra minorias e a normalização do autoritarismo produzem uma sensação de cerco permanente. É viver em alerta, consciente de que direitos conquistados com suor e dor podem ser revogados a qualquer momento.


Trumpismo: Imperialismo em Versão Atualizada


Trump não esconde sua lógica transacional de poder. Ao pressionar a Ucrânia a ceder territórios à Rússia em troca de paz, expôs sua visão brutal de soberania: países não são sujeitos, mas moedas. Essa leitura pragmática, embalada em populismo digital e retórica agressiva, é a nova face de um velho imperialismo.


E agora, esse autoritarismo não se limita à política externa. Em agosto de 2025, tropas federais ocuparam Washington sob o pretexto de “segurança pública” — em uma das cidades mais seguras dos EUA. A intervenção militar, como revelou o Intercept Brasil, não visava proteger cidadãos, mas intimidar imigrantes, manifestantes e adversários políticos. É a militarização do espaço civil como ensaio autoritário, um gesto que ecoa práticas de regimes que os próprios EUA historicamente condenaram na América Latina.


Brasil e EUA: Duas Faces do Mesmo Manual


Trumpismo e bolsonarismo compartilham um mesmo DNA: Negam a ciência, desprezam o meio ambiente, exploram a religião como escudo, espalham desinformação e utilizam a política do ódio como combustível. Ambos convertem a mentira em método e o medo em arma.

O assalto ao Capitólio, em 2021, e a invasão aos Três Poderes em Brasília, em 2023, são expressões paralelas de uma mesma dramaturgia populista: a manipulação coletiva que transforma cidadãos em massa de manobra. Não se trata de coincidência, mas da repetição de um roteiro global.


Soberania sob Ameaça


A ingerência estadunidense não se restringe a fronteiras externas. Ela se infiltra em sistemas financeiros, na diplomacia e até na saúde pública. Trump já cortou investimentos internacionais em projetos de medicamentos contra o HIV, colocando vidas LGBTQIA+ em risco. O Brasil, por sua vez, já sentiu pressões ligadas à segurança digital e ao funcionamento do Pix, evidenciando como o controle imperialista opera em detalhes.


Documentos recentes apontam que essa escalada autoritária segue um padrão: o uso de sanções econômicas, repressão militar e vigilância como ferramentas de imposição.

Trata-se de um ciclo que os EUA exportaram para o mundo durante décadas e que, agora, volta-se contra sua própria população.


Alienação Cidadã: O Espelho que Incomoda


Grande parte do povo estadunidense permanece alheio às implicações globais do trumpismo. A alienação, alimentada por consumo, entretenimento e nacionalismo, lembra a caricatura de Homer Simpson — não por acaso, símbolo de uma sociedade anestesiada. E no Brasil, infelizmente, não estamos muito distantes: também cultivamos nossa própria bolha, preferindo a ilusão da promessa populista à dureza da realidade.


Essa indiferença é perigosa porque, enquanto uns se distraem, os primeiros a pagar a conta são sempre os mesmos: pessoas trans, mulheres, artistas, imigrantes, populações vulneráveis.


O ataque nunca começa pelo centro; ele sempre mira as margens primeiro.

Como ressaltou Steven Levitsky no programa Roda Viva (TV Cultura, 18/08/25), a reação autoritária de Trump é, acima de tudo, uma resposta às conquistas das minorias e ao avanço de uma democracia multirracial. Para ele, a erosão institucional dos EUA mostra que as barreiras democráticas falharam — ao contrário do Brasil, que, diante do bolsonarismo, conseguiu reagir com maior firmeza.


O Papel da Arte e da Cultura


Nesse cenário, a arte e a cultura são trincheiras. São elas que expõem o cinismo, despertam empatia e resistem à normalização da violência. Mais que estética, trata-se de sobrevivência política e social.


Se o império insiste em ditar regras pela força, cabe à contra-narrativa criativa abrir fissuras no muro da opressão. Artistas, intelectuais e criadores têm a missão de resistir — não apenas em seus países, mas em uma frente global.

Conclusão: Silêncio Também é Cumplicidade


O novo imperialismo de Trump não ameaça apenas países estrangeiros; ameaça também os próprios cidadãos dos EUA. Ao militarizar cidades, intimidar opositores, punir países aliados e atacar minorias, o trumpismo consolida uma lógica excludente que transforma a vida em moeda e a democracia em fachada.


Para nós, do Sul Global, o recado é claro: Neutralidade é cumplicidade.

Precisamos nomear a ameaça, resistir a ela e lembrar que liberdade não é concessão, mas direito inegociável.


Referências:


  • Folha de S. Paulo/UOL. Zelenski admite que pode perder território pela 1ª vez. 17/08/2025.

  • UOL. Trump incentiva Ucrânia a ceder territórios à Rússia. 16/08/2025.

  • BBC. Secretário de Trump compartilha vídeo com pastores defendendo fim do voto feminino. 2025.

  • G1. Trump ameaça aplicar sanções a países que fazem negócios com a Rússia. 14/07/2025.

  • CNN Brasil. Trump assina ação executiva proibindo mulheres trans em esportes femininos. 2025.

  • G1. Trump assina ordem para restringir transições de gênero. 28/01/2025.

  • Podcast Café da Manha. Trump e a cara do imperialismo hoje. 18/08/2025.

  • Roda Viva. Entrevista com Steven Levitsky. TV Cultura. 18/08/2025.

  • Newsletter Cartas Marcadas Intercept Brasil. Nós tomamos os Três Poderes. 19/08/2025.

  • Newsletter Cartas Marcadas Intercept Brasil. Qual o motivo da escalada autoritária nos EUA? 20/08/2025.

  • Intercept Brasil. Trump começa intervenção militar sobre seus adversários. https://www.intercept.com.br/2025/08/20/trump-intervencao-militar-washingto. 20/08/2025.

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